Vale dos Pinheiros

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Capítulo 3﹘Código Secreto

Desta vez, os quatro primos estavam reagindo a uma provocação de Leonardo, que apostou conseguir quebrar qualquer código que eles pudessem inventar.

O primeiro time, com Rafael e Helena, precisava passar uma mensagem para o segundo time, com Carolina e Andressa. Leonardo jogava sozinho, porque, segundo ele, era o mais esperto dos primos por ser o mais velho — e conseguiria interceptar qualquer mensagem. Quem ganhasse levaria o prêmio.

No jardim, os primos mais novos conspiravam:

— Código Morse ele sabe — e treinou muito com os escoteiros. Ele tem até o livrinho com os pontos e linhas — choramingou Helena.

— Além de não ser nada prático — reclamou Rafael, com preguiça de alinhar tantas linhas e pontinhos. — Tem aquele em que o A vira o D, o B vira o E, e assim por diante…

— Fácil demais — a menina chacoalhou a cabeça.

— E se, além do código, a gente usasse tinta invisível? — propôs o menino, ansioso, apressando Helena. — O que você prefere que eu pegue: suco de limão, bicarbonato ou pedaço de vela?

— Com limão é mais fácil. Não precisa nem de suco de uva pra reagir com o bicarbonato, nem tinta pra passar em cima da parafina — ela estava pensando.

— É mais fácil de fazer… e também mais fácil de decifrar — Rafael fez bico, achando que ela estava facilitando para o irmão mais velho, Leonardo.

— Cê acha que eu tô querendo ajudar o Leonardo? Claro que não. Estamos em times opostos — a menina retrucou, brava.

— Verdade. Ele provocou todos nós. Você não ia deixar barato…

Helena era muito competitiva, e Rafael reconheceu que ela não facilitaria. Quando o irmão mais velho disse que iria ganhar dos quatro, ela foi a que ficou mais brava.

— Vamos de bicarbonato. Isso tem na cozinha. E nem sei se tem suco de uva! — ela deu um sorriso de satisfação.

— Bora! — Rafael estava animado. — Mas… e qual código a gente usa?

— Lembra aquele com o livro? Aquele é bom. E a Carolina vai saber qual é.

— Tô lembrando… mas como ela vai saber qual livro é? — Rafael perguntou.

— Ela não vai saber, mas vai deduzir — porque vamos usar o livro favorito dela — a risada confiante de Helena explicava tudo.

Além da tinta invisível e do código, ela ia jogar com o fato de que Carolina adorava livros de detetive — mas não ia escolher nenhum deles para decifrar. Ia usar um da sua coleção sobre mitologia grega. Aquele do menino semideus. Seu livro favorito de todos!

Depois de explicar bem cada detalhe do plano, Rafael concordou. Helena estava cada dia mais esperta. Leonardo jamais interceptaria esse código — muito menos acertaria qual livro! Pra ganhar, só lendo pensamento. Impossível!

— Você tem que pegar o livro bem escondidinho, pra ele não ver. Depois a gente escreve a mensagem aqui. Cada letra precisa de três números: primeiro é o número da página do livro, o segundo é o número da linha dentro da página, e o terceiro é a ordem da letra na linha. Como se fossem nossas três dimensões: altura, largura e profundidade — relembrou Helena.

Agora só precisavam achar o livro, escrever a mensagem e depois devolvê-lo à estante, no mesmo lugar de onde tiraram.

— O Leo não vai ter a menor chance! — Rafael comemorou.

— Ele vai desistir em cinco minutos! Mas a gente vai levar a melhor… e mostrar quem manda!


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