Vale dos Pinheiros

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Capítulo 22 – O Circo

— Vó, me ajuda a criar um abaixo assinado virtual? Andressa entrou na cozinha com o celular que tinha acabado de ganhar adiantado, pelo dia do seu aniversário.

— Nossa. Não esperava por isso. Pensei que você ia fazer um dos desafios das redes sociais ou filmar uma dancinha com seus primos.

— Foi porque eu descobri, que ainda em metade dos estados brasileiros, pode ter animal vivo no circo. Não é o lugar deles. Quero fazer um abaixo assinado pra que seja proibido em todos os lugares.

— Não estava sabendo. Quando era criança, cheguei a ver os animais no circo, mas nunca me senti muito à vontade com isso, embora achasse bacana. Gostava dos trapezistas e dos mágicos.

— Eles estão sempre viajando e não têm condições de cuidar direito dos animais. A menina choramingou.

— Será? Pode ser que seja uma família que cuida bem e você pode interferir numa coisa que ainda não entende direito. Além das pessoas que nunca têm direito de ver animais. Tudo varia muito de acordo com o ponto de vista. A avó argumentou.

— Sim, cada um tem o direito de defender o seu lado. O meu, claro, é o mesmo dos animais. A menina disse, pisando firme, e a avó se surpreendeu com a atitude tão madura e resoluta. Hoje, com a internet, com vários jovens defendendo a ecologia e os animais, mesmo as crianças têm maturidade nesse assunto.

—Tá certo, vou te ajudar como puder. A avó até largou o que estava fazendo e sentou-se do seu lado para entender como funcionava o aplicativo.
Nisso, Rafael chegou, querendo mais sorvete, estava um dia quente e abafado. O menino ficou curioso e, quando ela explicou o que estava fazendo, adorou e teve uma ideia: organizarem um circo no quintal da avó. Saiu correndo para chamar Helena e Carolina.
Enquanto Andressa continuava séria ao lado da avó, o menino foi chamar as meninas, e fazer sua sugestão.

— Vamos montar um circo? Vamos fazendo só nós. A Andressa está ocupada agora, mas ela não precisa treinar nada, vou deixar ela como apresentadora. Disse o menino, despreocupado.

— Faz sentido, ela, como a boa mandona que ela é, vai gostar de ser mestre de cerimônias. Helena concordou.

— E o que vocês vão ser? Carolina perguntou.

— Como a Nebula e a Nébula estão aqui com a gente, quero ser a domadora. Vou mostrar como elas são treinadinhas. Disse Helena, lembrando de suas duas cachorrinha, que por conta de seus capricho, tinham o mesmo nome. Variando só a acentuação.

— Acho que a Andressa não vai aprovar, ela não gosta de animais no circo.

— Então vou ser a mágica. A menina respondeu. Carolina, você sabe onde a vovó guardou aqueles apetrechos de mágico?

— Não faço ideia. Só lembro do truque do lenço infinito, um emendado no outro, sabe qual é? Carolina balançou a cabeça. Eu vou andar de perna de pau, quero ser equilibrista. Na verdade, queria ser trapezista, mas aqui no quintal não dá pra montar um trapézio.

— E você, Rafa? Perguntou Helena.

— Quero ser um palhaço malabarista, vou fazer minhas palhaçadas andando de skate. O Leo pode fazer os efeitos sonoros com a bateria dele.

— Amei a ideia! Será que ele aceita? Carolina ficou na dúvida.

— Tendo que usar a bateria, ele aceita qualquer serviço, mas talvez queira cobrar um cachê… Helena foi bem objetiva.

— Beleza, vou começar fazendo pipoca pra servir para a plateia. Disse Rafael, voltando pra a cozinha enquanto as meninas ficaram pensando em quem seria a plateia.